quarta-feira, outubro 05, 2011

Maleato de Levomeapromazina

Procurava uma vaga no estacionamento concorrido da faculdade. Nada, nada, nada, nada. Teve que seguir e estacionar mais a frente, numa rua não tão segura e iluminada.

Achou. Em frente a um casarão abandonado. Não sabia ao certo o que faziam ali, mas parecia um depósito, preferia não saber do quê.

Baliza não era algo que fazia com perfeição e, depois de umas duas ou três ou várias tentativas, conseguiu estacionar.

A essa altura, o estress já a desnorteava um pouco.

Abriu a porta. Comparou a guia e o alinhamento das rodas. Sempre fazia isso. Sabia que não sabia fazer baliza. Alinhamento certo. Milagre.

Olhou pro chão. Meia dúzia de papéis. Lixo. Olhou de novo: um comprimido ainda na cartela recortada.

Qualquer outra pessoa não teria visto. Qualquer outra pessoa teria visto e ignorado. Mas a curiosidade era uma característica sua. E por remédios, nem se menciona.

Maleato de Levomeapromazina.

Guardou na bolsa. Ina. Ina. Ina. Tudo que terminava com ina a deixava inquieta. Literal e figuradamente.

Ritalina, Sibutramina, Efedrina, Fluoxetina. Levomeapromazina. Mais um pra sua coleção.

Não pretendia usar. Mas estudaria até entender sua função. E aí sim talvez quem sabe por que não pode ser que dê certo?

Não culpava o destino. A culpa do encontro era da sua curiosidade e tendência.

Cabia a ela, agora, o autocontrole.

Um comentário:

Lapezi disse...

li "lovemeeaprozima" (love me e aproxima)