quinta-feira, outubro 27, 2011

Nihil


Não é nada complicado, ou diferente. Nada. Nihil. É simplesmente bom. Estar lá.


Levanto da cama pra evitar o ar de rejeição. De ambas as partes. Vou ao banheiro. Volto. Deito. Elogios, comparações, meia dúzia de bobagens e dedos entrelaçados.

Levanto. Me visto. Eu sempre tenho que ir. Não só tenho como quero.


"Se cuida."


Me cuido. Sempre passo na farmácia, depois. Uma vez por ano. Vale a pena.


Saio da farmácia com pena do meu corpo. Mas esse sentimento se dissolve no bem estar que o ato da noite anterior me proporcionou.


A sensação é tão boa que eu só quero ficar comigo mesma. A felicidade flui. E eu não tenho vontade de dividí-la com ninguém. Por isso querer ir embora.


O problema é no dia seguinte, quando eu assimilo o ocorrido e se inicia um afeto baseado em expectativas. Eu começo a criar situações que eu gostaria que acontecessem, ignorando todos os outros fatores óbvios.


Aí ele some. E eu agradeço.


Pior seria aparecer e ser indiferente. Doeria e eu guardaria más impressões. Hesitando em fazer de novo. Ou pior ainda: aparecer, alimentar essas expectativas e terminar tudo de um jeito catastrófico.

Mas ele não é imbecil.


Esse afeto tem um ciclo de vida. Começa em um dia, cresce no segundo, frustra por não receber resposta no terceiro, dói no quarto e começa a ser racionalizado no quinto, terminando no sexto. No sétimo, se baseia em lembranças. Mas aí já é um outro afeto.


No sétimo dia não existem mais expectativas. Só lembranças de detalhes que, aí sim, firmam um afeto duradouro. Só o afeto. Sem expectativas. Só lembranças dele que, por algum motivo, me dá uma das melhores sensações da minha vida.

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